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Spirit & o dia do empreendedorismo feminino

Para celebrar o Dia do Empreendedorismo Feminino, Spirit decidiu prestigiar duas mulheres cabo-verdianas como forma de encorajar outras tantas. Ródia Vicente é formada em Relações Públicas, trabalha como Assistente de Comunicação e, durante o confinamento da pandemia do Covid-19, redescobriu uma habilidade antiga. Foi assim que surgiu o Ródia’s Home, projeto de bordados à mão que ela encabeça. Zita Vieira, por outro lado,  fez do seu ofício um negócio. A professora de inglês da Universidade de Cabo Verde, é também fundadora e diretora da empresa ELL CV- English Language Learners.

Quer saber um pouco mais sobre cada uma? Confira a entrevista abaixo e inspire-se!

 

  • Quais os maiores desafios em empreender?
    Zita: Começar. No inicio as ideias são tantas e a falta de experiência inibe um pouco na forma de estruturar e dar o primeiro passo ou definir os objetivos iniciais. E também, como é óbvio, a questão financeira, porque os objetivos tem que abraçar a força financeira. 

    Ródia: Um dos maiores desafio que tive é que 100% das responsabilidades caem sobre mim. Sou responsável por tudo e tudo vai depender de mim. Igualmente senti a necessidade de ter muitas habilidades: noções de contabilidade, gestão de stock, gestão de pequenas empresas, fluxo de compra, design gráfico. Também, um dos maiores desafios é a falta de material necessário no mercado nacional. Quando encontrado, é caro. Sem esquecer as burocracias que importar de fora exige.

  • E quais as vantagens?
    Zita: As vantagens são inú A adrenalina de iniciar algo novo, de poder dar vida a uma ideia e ver a possibilidade de ter resultados positivos. Para além disso, para mim é poder trabalhar numa área que é do meu domínio, com uma dose bem forte de amor para o que faço. 

    Ródia: Liberdade para tomar minhas próprias decisões sobre o meu trabalho. Apenas na Rodia’s Home consigo mostrar quem realmente eu sou, o que gosto, minha criatividade e o que consigo fazer com as minhas mãos. Também tenho a liberdade de escolher quem trabalha comigo, quem se identifica com os meus valores e objetivos da minha marca. Tenho a flexibilidade de fazer o meu próprio horário. Entretanto, conjugar este negócio com a minha profissão exige muita planificação e boa capacidade de gestão de tempo. Um negócio quando bem gerido, pode ter bom rendimento.

  • Como consegue manter um estilo de vida saudável quando se tem negócios para gerir? Há espaço para momentos de lazer?
    Zita: Tens que gerir o tempo dentro das 24 horas que lhe são concebidas. Queria ter mais. Como amantes de cães (tenho 4), preciso ter tempo para passeá-los e não dispenso um tempinho com os amigos.

 

  • Como surgiu a ideia de criar um negócio com foco em bordados e como concilia o lado mais criativo com as burocracias de ter um negócio?
    Ródia: Sempre gostei de trabalhos manuais, então o interesse pelo bordado veio naturalmente. Foi durante o confinamento que comecei a bordar novamente. O primeiro contacto com o bordado foi há muito tempo, na escola primária. A motivação de criar um negócio com foco nesta arte foram as solicitações que recebi de amigos. Via o bordado como um hobbie, e na altura não me via a ganhar dinheiro com ele. Havia criado a página Rodia’s Home há pouco tempo, e timidamente fui mostrando os trabalhos que realizava e com o tempo mais pessoas se interessavam. Organizei-me, comprei mais materiais e, com um pouco mais de seriedade, decidi dar uma chance aos bordados. Ganhei uma paixão enorme por esta atividade, entretanto as limitações de materiais não têm permitido que desenvolva todas as ideias e projetos associado ao meu negócio. Mas isso não me impede de ser criativa, e tirar todo proveito dos recursos que consigo encontrar localmente, sem comprometer a qualidade do meu trabalho. Como mencionado, importar materiais do exterior tende a ser burocrático e custoso, e vejo que isso muitas vezes bloqueia a nossa atividade. Mas isso é bom para que nos tornemos resilientes aos desafios de empreender. 
  • Um conselho para mulheres empreendedoras que estão a começar agora?
    Zita: O conselho seria para qualquer um: comece! Ao longo do tempo consegues estruturar melhor, definir bem os objetivos, conhecer os seus pontos fortes e limites.

    Ródia: Não pense no que os outros vão dizer ou pensar. Se fizer sentido para ti, faça! Não deixes para começar quando tens tudo pronto… sempre vai faltar alguma coisinha. Claro que precisas de um mínimo de organização e planeamento, mas tente começar com o recurso que tens disponível de momento e aos poucos, com a prática, o resto virá. Não compares, em nenhuma circunstância, o teu trabalho com o trabalho dos outros. O teu caminho não é igual ao de ninguém, e o caminho de ninguém é igual ao teu caminho. Faça poupança ou reserva com o lucro do seu negócio. Tenha um fundo para casos de emergências.