Neste mês, Nôs Sabor procura conhecer um pouco mais sobre as pessoas que se apaixonaram pelo nosso país. Chegam até nós pessoas das mais variadas partes do globo e, por algum motivo, acabam por encontrar em Cabo Verde o seu porto de abrigo.
Foi com uma dessas pessoas que falámos este mês. Sergio Garrido, madrileno que vive em Santiago há um ano e meio, é blogger e ativista, sendo a cara por detrás do blog Chinchetas en un Mapa.
Mas afinal, quem é Sérgio? O que guarda por trás do seu sorriso?
Começámos por um ¡Hola!, mas cedo percebemos que este espanhol, que já conhece “alguns países” (55 no total), tem como motivação conhecer e proteger a natureza, os animais e lutar pelas mudanças climáticas.
Ainda enquanto estudava, Sergio começou por fazer Erasmus em Santiago, no Chile, onde deu início às viagens que o fizeram conhecer Argentina, Perú, Brasil e Bolívia, “percorrendo quilómetros de terra”, conta o próprio.
Quando sai da América do Sul, é ao limpar o derrame do barco Prestige, na Galiza, que encontra a sua motivação. Foi a trabalhar para ONG’s que Sergio teve assim a possibilidade de conhecer e ajudar a mudar um pouco do mundo. Entre memórias desde as da América do Sul, Europa e África, guarda o choque ao ver os “enormes gorilas do Uganda”.
Após viajar um pouco por todo o mundo, Sergio aterra em Cabo Verde há já ano e meio e aqui ficará por igual período de tempo.
Mas o que faz de Sérgio um amante de Cabo Verde?
Este homem de sorriso alegre e coração grande chega para trabalhar com a Cooperação Espanhola num projeto que visa ajudar a combater os impactos das mudanças climáticas. Embora esteja a ser um ano difícil, como nos disse, afirma ter conseguido, ainda assim, conhecer o verdadeiro Cabo Verde.
Do curioso turista que “procurava as praias do Google”, até ao amante da nossa terra que é hoje, Sergio diz ter tido a oportunidade de conhecer quase todas as ilhas de Cabo Verde. Entre os “magníficos contrastes dos verdes no seu pico” das montanhas de Santo Antão, e outras maravilhas que foi encontrando em cada uma das únicas ilhas de Cabo Verde, o blogger destaca o que faz qualquer um apaixonar-se por Cabo Verde: as pessoas.
É a amabilidade de cada um, o engenho e as suas histórias que encantam Sergio.
Ao longo da nossa conversa, destacou também paixões como as de passear na rua e encontrar-se com Tutu Sousa, artista plástico cabo-verdiano, o som do violino do Ramiro na Ilha do Fogo e também a rapariga que se tornou a campeã de matraquilhos da Rua Banana. Estes são alguns nomes, alguns rostos entre tantos outros.
Uma conversa rica, cheia de histórias, de paixão e de calor que faz retribuir o sorriso a Cabo Verde. Para dizer um até já, e nunca um adeus, deixamos estas palavras de Sergio Garrido, que nos escreveu aquilo que faz a saudade chegar e a memória ficar para sempre:
“Como reflexão final, gostaria de salientar toda aquela quantidade de pessoas com histórias de vida fantásticas, que poderiam dar informação interessante para escrever livros, livros de anedotas e histórias.
Há múltiplas pessoas desconhecidas que não podem ficar no esquecimento, como por exemplo o Sr. João, na Ilha Brava, que já saiu de Cabo Verde para ir até Angola, onde trabalhou a conduzir um trator na agricultura durante a guerra, posteriormente migrou para Portugal e lá passou uns anos. Depois foi para os Estados Unidos, onde passou a maior parte da sua vida adulta e finalmente retornou para o seu cantinho na vila de Mato Riba num Cabo Verde já independente.
O mesmo acontece com a história do país e das múltiplas personalidades importantes que já passaram por cá e das que ninguém pode contar grande coisa.
Incentivo os curiosos a encontrarem estas histórias e a darem-lhe o devido valor, para que as lembranças e os acontecimentos importantes deste país não fiquem esquecidos no passado, ou eclipsados por um futuro que ainda é uma promessa.”
Obrigado, Sergio!